Será que estou com dengue?

Conheça informações relevantes sobre a dengue, como principais sintomas, formas clássica e grave da doença, além de sinais que devem receber atenção especial.

SAÚDE

Michelle Horst

10/5/20246 min read

a person in gloves and gloves holding a tube with a blood test tube
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O que é dengue?

Transmitida por meio da picada de mosquitos do gênero Aedes, a dengue é uma doença viral comum em inúmeras localidades ao redor do mundo, notadamente em áreas tropicais, onde o mosquito é mais facilmente encontrado, utilizando locais com água parada como criadouro.

A principal espécie de mosquito causador da dengue é o Aedes aegypti, mas o Aedes albopictus também pode ser transmissor.

a mosquito fly insect that causes dengue desease
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A cadeia de transmissão da doença envolve os seguintes elementos:

  • Vírus da dengue (DEN): abrange quatro sorotipos (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), e cada um representa uma variante do vírus que pode causar a doença.

  • Mosquito do gênero Aedes: é o principal agente transmissor. Esses insetos se infectam ao picar uma pessoa portadora do vírus e, uma vez infectados, podem transmitir o vírus a outras pessoas.

Sinais e sintomas

Embora a maioria dos infectados apresente apenas sintomas básicos, algumas pessoas desenvolvem manifestações mais graves e, por isso, necessitam de atendimento médico.

Os primeiros sintomas começam, em média, cinco dias após a picada do mosquito – esse período é chamado de incubação. Nessa fase, a doença é classificada como dengue clássica ou sem sinais de alerta e é controlada normalmente por meio de hidratação intensa e da administração de medicamentos para controle dos sintomas, até a remissão, que normalmente ocorre espontaneamente dentro de alguns dias.

Sintomas da dengue clássica ou sem sinais de alerta:

  • Febre alta (40°C) e repentina, que geralmente se inicia de maneira inesperada e pode durar de dois a sete dias;

  • Perda de apetite;

  • Manchas vermelhas na pele;

  • Coceira intensa;

  • Fortes dores de cabeça, normalmente na região frontal (área da testa);

  • Dor intensa nos músculos e nas articulações;

  • Dor atrás nos olhos, especialmente ao movê-los, e fotossensibilidade (aversão à luz);

  • Fadiga: sensação de cansaço extremo ou fraqueza;

  • Sangramentos leves no nariz ou nas gengivas;

  • Náuseas e vômitos.

a man with a red spot on his chest and chest
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a woman in a white sweater and a white sweater feeling fever
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Manchas vermelhas e coceira

Em uma minoria, porém, outros sintomas podem aparecer na sequência, principalmente quando a febre cessa, por volta do quinto dia. Essa é a fase grave da doença ou com sinais de alerta – nomes atribuídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para indicar que há gravidade no quadro clínico. Nesse momento, é indispensável o acompanhamento médico.

Nessa fase, ocorre maior reação inflamatória sistêmica, que altera a coagulação do sangue, acarretando perda de líquidos. A consequência pode ser hemorragia intensa e queda súbita da pressão arterial, podendo culminar em choque, que é a principal causa de óbito.

A forma grave da doença era anteriormente conhecida como dengue hemorrágica, entretanto, o termo foi alterado pela OMS em 2009 em razão das demais características envolvidas no agravamento do quadro.

O infectologista Erique Miranda, gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, em matéria publicada no site do governo do estado de São Paulo, afirmou que essa mudança ocorreu porque “As manifestações hemorrágicas, como sangramento nasal e da gengiva, pintas vermelhas pelo corpo, sangramento uterino e do trato digestivo alto, que faz a pessoa vomitar sangue, e a quantidade baixa de plaquetas – responsáveis pela coagulação – podem ser observadas em todas as fases da dengue”.

No Brasil, dos 3 milhões de casos confirmados de dengue em 2023, menos de 1% apresentou a pior fase da doença, de acordo com a OMS.

Fique atento aos principais sintomas relacionados a cada forma da doença.

Sintomas da dengue grave ou com sinais de alerta:

  • Dor abdominal intensa, que indicar hemorragia interna;

  • Respiração ofegante;

  • Desidratação e sensação de boca seca;

  • Vômitos persistentes ou com sangue;

  • Sonolência;

  • Cansaço excessivo;

  • Desmaios;

  • Diminuição da temperatura do corpo (hipotermia);

  • Sangramentos de mucosas e sob a pele: extravasamento do plasma sanguíneo, que causa hemorragias severas, podendo se manifestar como manchas roxas.

  • Acúmulo de líquidos: é possível o extravasamento de líquidos através das paredes dos vasos sanguíneos, podendo se acumular em áreas inadequadas, como os pulmões – nesses casos, o acúmulo de líquido prejudica a respiração e a oxigenação do corpo;

  • Aumento repentino do hematócrito (porcentagem de hemácias);

  • Queda abrupta na contagem de plaquetas;

  • Sintomas de choque: fraqueza extrema, pressão arterial baixa, confusão e palidez (em consequência de colapso circulatório), podendo evoluir para falência múltipla dos órgãos.

a woman sitting on a couch with her stomach
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a woman sitting on a couch with her hands on her head
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O quadro ocorre em consequência de uma reação mais agressiva do sistema imune ao agente infeccioso. Esse cenário pode ocorrer na primeira infecção, mas é mais comum a partir da segunda ou da terceira exposição ao vírus. Erique Miranda ressalta: “o fator determinante na febre hemorrágica da dengue é o extravasamento plasmático, que pode ser expresso por meio da hemoconcentração (aumento dos glóbulos vermelhos), da hipoalbuminemia (diminuição da albumina, proteína encontrada no plasma sanguíneo) ou derrames cavitários (extravasamento de líquidos). Se não tratados, esses sintomas podem evoluir para o choque”.

Vale frisar que há casos de dengue assintomática nos quais a infecção passa despercebida, sem causar desconforto notável. Nessas situações, o indivíduo é contaminado pelo vírus, mas não desenvolve sintomas ou sente apenas um leve mal-estar no corpo ou febre baixa. É comum, nesses casos, o quadro passar despercebido, não impactando a saúde da pessoa inoculada com o vírus.

Os casos assintomáticos podem ocorrer em qualquer um dos quatro sorotipos do patógeno. É importante ressaltar que, mesmo sem evoluir para um quadro infeccioso, esses episódios também preocupam, pois ajudam a propagar o vírus. Além disso, a exposição ao patógeno acaba funcionando como uma primeira infecção – ou seja, o risco de desenvolver dengue hemorrágica em uma próxima contaminação aumenta da mesma forma.

Diagnóstico

O diagnóstico da dengue pode envolver não só coleta de sintomas clínicos e avaliação médica, mas também exames laboratoriais (além de sorologias, existem testes moleculares que auxiliam no diagnóstico).

De acordo com a página do Hospital Israelita Albert Einstein, os principais métodos para diagnosticar a doença são:

Avaliação dos sintomas: o profissional responsável deve avaliar os sintomas do paciente e também o histórico de viagens recentes para as áreas com risco de dengue.

Exames de laboratório: testes de anticorpos, por exemplo, que podem detectar, na amostra sanguínea, a presença de anticorpos específicos para o vírus da dengue

Contagem de plaquetas: plaquetas são células do nosso sistema responsáveis pela limitação de hemorragias. A dengue muitas vezes causa uma diminuição na contagem desses elementos no sangue.

Qual o tratamento para dengue?

O tratamento da dengue é feito normalmente para alívio dos sintomas (principalmente a dor e a febre), pois não existem antivirais eficazes para combater o agente infeccioso.

Em razão do risco de hemorragias e de danos ao fígado, os anti-inflamatórios não-esteroides, como o ácido acetilsalicílico e o ibuprofeno, não são indicados para esse tipo de cuidado. Em geral, os analgésicos usados são a dipirona e paracetamol.

Para os casos mais controlados, nos quais os sintomas da dengue ficam mais amenos, é recomendado repousar, beber bastante água e receber acompanhamento médico para identificar sinais de risco, caso eles ocorram.

Dor abdominal

Fraqueza extrema

Aedes aegypti

Febre alta