Socorro! Meu cabelo está caindo!

O aumento no número de fios de cabelo que ficam presos à escova ou ao ralo do banheiro é algo que chama a atenção e pode ser desesperador. Entenda as causas e conheça as opções de tratamento.

SAÚDE

Michelle Horst

5/8/20248 min read

a woman with a brush and comb comb in her hair
a woman with a brush and comb comb in her hair

Um aumento no número de fios de cabelo que ficam presos à escova ou ao ralo do banheiro é algo que chama a atenção e pode ser até mesmo desesperador.

Sinais e sintomas

Os sinais e os sintomas da queda de cabelo podem variar, mas geralmente incluem:

1. Afinamento gradual: é um dos sinais mais prevalentes e visível especialmente no topo da cabeça, sendo comum entre homens à medida que envelhecem.

2. Alopecia areata: forma manchas circulares ou irregulares de queda de cabelo e representa uma condição autoimune (o sistema imunológico ataca os folículos capilares).

3. Perda de cabelo súbita: um choque físico ou emocional pode causar queda de cabelo súbita, na qual grandes quantidades de cabelo se soltam ao pentear ou lavar.

4. Perda de cabelo total: em alguns casos, condições médicas ou tratamentos (como a quimioterapia) podem levar à perda de todo o cabelo do corpo.

O desprendimento dos fios em si não é um sinal de alarme, podendo ser fisiológico (ou seja, natural): a perda de 50 a 100 fios por dia é considerada normal.

Entretanto, nas trocas de estação – mais especificamente no fim do verão e no início do outono –, podem ser perdidos diariamente entre 150 e 200, sem que isso represente um problema. Esse processo é uma característica de nossa ancestralidade (somos mamíferos) e não deve motivar maiores preocupações.

Na natureza, os animais necessitam dessas mudanças na pelagem para regular a temperatura corporal. E, em humanos, assim como acontece com os demais mamíferos, os cabelos perdidos normalmente são recuperados.

Em entrevista concedida à BBC News, Ramon Grimalt, professor de Dermatologia na Universidade Internacional da Catalunha, afirmou que “em todos os mamíferos, exceto seres humanos, há o que chamamos de movimentos sincronizados anuais”.

Grimalt reforçou ainda: “Se você tem um cão ou um gato, um cervo ou um urso, vai ver que a cada primavera esses mamíferos perdem, de uma forma sincronizada, todos os pelos para passar o verão frescos. E, de outubro a novembro, sem tomar qualquer suplemento ou pílula ou sem colocar uma loção, eles recuperam seus pelos novamente".

Então quando devo me preocupar?

Se o número de cabelos que se destacam diariamente não necessariamente indica que há algo de errado, como saber se a perda dos fios deixou de ser fisiológica e passou a ser anormal?

Primeiramente, deve-se verificar o período em que a perda de fios acentuada ocorre: acima de 6 meses é um prazo indicativo de que algo não vai bem. Além disso, é preciso estar atento(a) a sinais como a rarefação no volume dos cabelos (quem tem cabelos longos pode perceber que o elástico de amarrar está dando mais voltas do que de costume). Outro aspecto relevante é a maior visibilidade do couro cabeludo por entre os fios, notável especialmente quando há uma fonte de luz sobre a cabeça. Nesses casos, é imprescindível consultar um médico dermatologista, para verificar as causas do problema e intervir o quanto antes.

Causas

As causas da queda de cabelo são diversas e podem incluir:

1. Genética: a causa mais comum de queda de cabelo é uma condição hereditária chamada alopecia androgenética, mais conhecida como calvície, de padrão masculino ou feminino. Trata-se da queda importante dos cabelos em decorrência de uma predisposição genética. Geralmente, nos homens a rarefação se inicia nas têmporas, e o cabelo fica mais fino no topo da cabeça. Já em mulheres, podem ser notados cabelos mais ralos e finos também no topo da cabeça.

2. Condições sistêmicas: várias condições médicas, incluindo anemia e problemas da tireoide, podem causar queda de cabelo. No caso da anemia, a queda pode se intensificar porque os fios recebem menor suprimento de sangue, nutrientes e oxigênio, tornando-se mais fracos e quebradiços. Já no caso do hipotireoidismo (quando a tireoide não está funcionando corretamente), vários tipos de hormônio deixam de ser produzidos corretamente ou em quantidade suficiente, e alguns são muito importantes para o metabolismo e o crescimento dos fios.

3. Psoríase capilar: doença autoimune crônica em que as células da pele se multiplicam muito rapidamente, provocando o aparecimento de placas vermelhas e branco-prateadas no couro cabeludo, bem delimitadas. Pode afetar toda a cabeça ou somente algumas partes. Essa condição pode levar à queda do cabelo na região das placas e geralmente é temporária.

4. Infecções no couro cabeludo: micose, dermatite seborreica e foliculite, entre outras condições, podem ocasionar, além de queda de cabelo, sintomas como coceira no couro cabeludo, descamação da pele ou bolinhas vermelhas ou espinhas na linha do cabelo.

5. Doenças sistêmicas: algumas doenças e infecções, como a covid-19 e a dengue, podem desencadear um aumento na queda, que acontece de algumas semanas a três meses após a infecção e pode durar até nove meses. A queda de cabelo associada à covid-19 é conhecida como eflúvio telógeno e parece acontecer em consequência do acúmulo de substâncias inflamatórias no corpo, resultando em alterações no ciclo capilar. Apesar disso, é ainda provável que a queda de cabelo esteja também relacionada com o estresse, a ansiedade e/ ou a febre alta, comuns nessas doenças.

6. Pós-parto: a queda de cabelo é relativamente comum em mulheres após o parto, não só em razão das alterações hormonais que continuam a acontecer no organismo, mas também do estresse do parto. Geralmente, esse desprendimento é notado nos primeiros três meses após o parto e pode durar até dois meses. Vale lembrar que a queda de cabelo também pode surgir durante a própria gestação – nesse caso, parece estar relacionada com o aumento do hormônio progesterona, que pode ressecar os fios, deixando-os mais fracos e quebradiços. A queda de cabelo pós-parto é considerada normal e temporária e geralmente retorna aos níveis normais até um ano após o nascimento do bebê.

7. Alterações hormonais: assim como durante ou após a gravidez, as alterações hormonais são uma importante causa de queda de cabelo e podem acontecer em vários momentos da vida, especialmente durante a adolescência. Além disso, mulheres que trocam de pílula ou que iniciam um novo método anticoncepcional hormonal também podem apresentar perda capilar temporária.

8. Medicações e suplementos: alguns medicamentos, como os usados para tratar câncer, artrite, depressão, problemas cardíacos e pressão alta, podem ocasionar queda de cabelo como efeito colateral. Se houver suspeitas de que a queda está aumentando com o uso de determinado medicamento, deve-se informar o médico que o receitou, que vai avaliar a possibilidade de substituir o princípio ativo por outro. Aqui, vale uma ressalva: de forma alguma, deve-se interromper o uso do remédios por conta própria e sem orientação do médico.

9. Estresse e trauma: um episódio de estresse (físico ou emocional) significativo pode desencadear uma queda de cabelo temporária. Isso porque o choque do estresse, após um acidente de trânsito ou o diagnóstico de uma doença grave, por exemplo, pode trocar o ciclo dos fios, fazendo-os cair demasiadamente.

10. Estilo de vida: dieta inadequada, falta de nutrientes e uso excessivo de produtos químicos agressivos ou de ferramentas de calor podem contribuir para a queda de cabelo.

Diminuição de volume

Padrão de alopecia areata

Como tratar

Consultar um médico dermatologista é sempre a melhor opção para se chegar às causas da perda de cabelo e, assim, iniciar o tratamento adequado a cada caso, que pode incluir:

  • Uso de loção com minoxidil: ajuda a revitalizar o couro cabeludo, aumentando a irrigação sanguínea e fortalecendo os fios existentes, diminuindo assim a queda.

  • Xampus e loções: nesse caso, devem ser específicos para queda de cabelo e levar em consideração as causas subjacentes. Esses produtos tópicos podem melhorar a aparência e a saúde do cabelo.

  • Suplementos nutricionais: o pill food e o silício orgânico são alguns exemplos. Eles contêm nutrientes que contribuem para o crescimento e a saúde dos fios.

  • Remédios específicos: a finasterida (sempre indicada pelo médico), por exemplo, pode ser uma boa aliada para controlar o problema.

  • Alimentação adequada: para controlar a queda, é fundamental que a alimentação do paciente contenha todos os nutrientes necessários para o organismo, como vitaminas e minerais essenciais. A queda excessiva pode ser desencadeada por dietas muito restritivas, pobres em calorias ou em proteínas animais.

  • Mudanças no estilo de vida: além de manter uma alimentação rica em compostos nutritivos, é aconselhado reduzir a carga de estresse, evitando negligenciar as atividades de lazer. Isso não apenas trata a queda de cabelo, mas também ajuda a garantir melhor qualidade de vida e evita outros problemas mais graves que podem surgir com o tempo, como a síndrome do intestino irritável ou a depressão.

Tratamentos ambulatoriais/cirúrgicos

Além dos tratamentos que envolvem a ação do paciente, existem opções realizadas pelo próprio médico, como:

  • Laser de baixa potência: estimula a regeneração da matriz que perdeu o fio e impede que o cabelo saudável venha a cair, melhorando progressivamente a queda.

  • Carboxiterapia: aumenta a irrigação sanguínea do couro cabeludo e facilita a penetração de substâncias químicas ativas.

  • Implante de cabelos: técnica cirúrgica na qual se implantam fios de cabelo diretamente no couro cabeludo. Apesar do bom resultado imediato, após cerca de seis meses esses fios tendem a cair, podendo causar lesões no couro cabeludo.

  • Transplante capilar: cirurgia na qual se retira uma faixa de cabelo da região posterior da cabeça, a qual fornece material para se implantar na parte da frente – próximo à testa ou onde houver maior necessidade. É uma opção indicada para quem está ficando calvo.

Por fim, vale salientar que a ajuda de um profissional é a melhor arma para se livrar dos incômodos causados pela perda excessiva de cabelos e resgatar a autoestima.

O médico dermatologista é o profissional indicado para diagnosticar o problema e sugerir opções de tratamento.